Os carros elétricos estão se tornando um problema para as grandes montadoras europeias, após grandes investimentos no desenvolvimento desta nova tecnologia, elas estão percebendo que o consumidor talvez ainda não queira ter um elétrico na garagem. Na Europa, de acordo com a empresa Autorola, vender um carro elétrico está demorando 52% a mais de tempo em relação a um carro comum, o que vem fazendo os elétricos acumularem nos pátios das fábricas, isso somando a concorrência quase que desleal das fabricantes chinesas, vem fazendo várias fabricantes como Audi, Mercedes, Jeep, Porsche e Ford, voltarem atrás com os planos de produzir apenas carros a eletricidade. Será que estamos prestes a ver a bolha dos elétricos estourar?
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Fato é que há ainda diversas dúvidas dos consumidores em relação aos carros elétricos, como autonomia limitada, pontos de recargas escassos – isso ocorre inclusive na Europa, tempo elevado para recarga, preço alto, custo de manutenção, desvalorização e dificuldade para revenda.
Claro que os carros elétricos atuais evoluíram absurdamente em relação aos modelos que existiam há 5 anos atrás, porém, parece que ainda não foi o suficiente para fazer o consumidor abrir mão da gasolina.
Outro problema é politico, diversos segmentos políticos compraram a briga dos elétricos, se aproveitando das pautas ambientais para induzir ao consumidor a obrigação de ter um veículo elétrico na garagem mesmo que ele não queira. Foram adotadas soluções como zerar os impostos e colocar datas obrigando as montadoras a pararem de produzir veículos a combustão, porém a realidade vem se mostrando bem diferente.
Estas medidas, tanto na Europa como aqui no Brasil estão sendo repensadas, governos como a da Alemanha já retiraram incentivos dos carros elétricos, fazendo com que os preços subam e as vendas caiam, somente em junho as vendas de elétricos na Alemanha despencaram 18%. O mesmo deve acontecer no Brasil, recentemente o governo anunciou um aumento de 25% nos impostos sobre os veículos elétricos e híbridos, as montadoras estão segurando os preços mas eles devem subir.
As proibições dos carros a combustão na Europa também estão sendo revistas, a previsão da União Europeia era proibir sua produção a partir de 2035, porém diversos países como Alemanha e Itália já entraram oficialmente com pedidos para que esta data seja adiada.
Outro problema dos elétricos vem da China, por diversos motivos, produzir um carro elétrico na China é muito mais barato do que na Europa e nos EUA, como resultado os elétricos chineses estão dominando o mundo e infernizando a vida das montadoras tradicionais, que simplesmente não conseguem competir com os preços dos chineses.
Na Alemanha, o carro elétrico mais barato da Volkswagen é o hatch iD.3 (foto acima) que é produzido localmente e parte de 39.900 euros (algo em torno de R$ 245 mil), enquanto a BYD consegue importar da China e vender na Alemanha o Dolphin por 32.900 euros (R$ 202 mil), quase R$ 50 mil mais barato.
A solução, a principio encontrada pelas montadoras europeias, é passar a focar no bolso do consumidor, Renault e o grupo Stellantis estão dobrando a aposta nos elétricos, porém de uma forma mais inteligente, apostando em elétricos menores, mais simples e que tenham também opções a gasolina, como é o caso de lançamentos recentes como o Fiat Grande Panda e novo Citroën C3, modelos que devem ter versões elétricas partindo de 25 mil euros (R$ 150 mil) e que não abrirão mão de suas versões híbridas e a gasolina.
Muitos pensam que ter um carro elétrico é complicado apenas no Brasil, porém na Europa a coisa não é tão fácil, os pontos de recarga estão concentrados apenas nas grandes capitais e em poucos países, de acordo com o ACEA, na Europa metade dos pontos de recarga estão localizados na Alemanha e Holanda. Além disso, assim como acontece no nosso Brasil, quem mora longe das capitais praticamente tem como única opção recarregar o carro em casa.
Enquanto quem mora dentro das grandes cidades europeias enfrenta outro problema, não poder recarregar o carro em casa, já que em metrópoles como Londres, Paris, Barcelona e Roma, a grande maioria dos carros dormem estacionados nas ruas, por exemplo, na Espanha, de acordo com o grupo de energia local CEPSA, 65% dos carros dormem estacionados nas ruas, o que no caso dos elétricos impossibilita os seus donos carregarem o carro em casa.
No Brasil temos um cenário completamente diferente da Europa, os carros elétricos já são uma realidade e suas vendas estão subindo exponencialmente, de acordo com a FENABRAVE, durante todo o ano de 2023 foram vendidos 5.655 carros elétricos no país, porém em 2024 somente de janeiro até agosto já foram comercializados 40.599 elétricos, um impressionante aumento de 617 % em relação ao ano passado.
É curioso e preocupante observamos que a principal responsável por esse aumento é a chinesa BYD, que sozinha emplacou em 2024 quase 30 mil carros no Brasil, dominando sozinha uma fatia de quase 73 % do mercado de elétricos no país, enquanto os elétricos de outras montadoras são “mosca branca” nas ruas, a Renault por exemplo, tem três modelos elétricos no Brasil e só vendeu em 2024 até agora (agosto) 816 carros.
Por fim, outro ponto de alerta é com relação a durabilidade dos elétricos, assim como no Brasil, o consumidor europeu tem o carro como um bem durável, na Espanha por exemplo, a maioria das pessoas costumam ficar mais de 10 anos com o mesmo veículo, ou seja, o custo de manutenção e a durabilidade são fatores importantes para o consumidor.
Por mais que as montadoras hoje oferecem longas garantias para as baterias, em média de 8 anos, a mão de obra especializada para carros elétricos no mundo é escassa e seus componentes são extremamente caros e complexos. Substituir uma bateria de um carro elétrico como o BYD Dolphin Mini ou um Fiat 500e, pode custar mais de R$ 25.000, o que acende um alerta caso você tenha algum problema que a garantia não cubra.
Se analisarmos os carros que mais desvalorizaram no Brasil em 12 meses, os elétricos se destacam, o Nissan Leaf em 2023 saia da loja custando R$ 299 mil, sendo que em apenas 12 meses este mesmo modelo já perdeu 41% de seu valor, tendo hoje preço de tabela de R$ 175.450. O Renault Kwid E-Tech em 2023 0km custava R$ 142 mil, hoje em 2024 no mercado de usados é encontrado por R$ 80 mil.
É a mesma situação para elétricos mais caros, quem pagou R$ 429.000 por um Volvo C40 em 2023, hoje em 2024 receberá apenas R$ 282.280 caso resolva vender, uma desvalorização de 34% em apenas um ano de uso, a mesma desvalorização do BYD TAN que tinha preço de R$ 525.125 em 2023 e hoje usado vale apenas R$ 349.580, ou seja, 33 % de desvalorização em um ano.
Porém claro há exceções, quem comprou um BYD Dolphin na época do seu lançamento em junho de 2023 pagou R$ 149.990 e hoje o carro vale R$ 127.900, uma desvalorização na faixa dos 15%, ficando no mesmo nível do Volkswagen T-Cross.
Para todos os problemas que citamos nesta matéria a Toyota parece já ter já apontado o caminho, o futuro não é dos elétricos é dos híbridos (carros com motores a gasolina combinado com elétrico).
De fato, todos os problemas que assombram os carros elétricos são solucionados hoje pelos híbridos, preço mais baixo, autonomia ilimitada, confiabilidade maior e manutenção mais simples. Um exemplo prático, se você tem um híbrido plugin (recarregável na tomada), pode tranquilamente rodar durante os dias de semana em trajetos curtos usando somente o motor elétrico e quando precisar viajar, basta ir ao posto e colocar gasolina.
Um exemplo é o Haval H6 plugin, o SUV híbrido tem de mais de 1000 km de autonomia, enquanto SUVs elétricos hoje rodam em média apenas 350 km, sua desvalorização é menor que todos os outros rivais da categoria, inclusive menor do que modelos a gasolina e de marcas tradicionais, em 12 meses o Haval H6 perdeu apenas 10% de seu valor, saia da loja em 2023 por R$ 215.000 e hoje custa R$ 192.800.
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