A nova Ford Maverick 2023 está chegando as lojas do Brasil, a pickup ficará posicionada acima da Fiat Toro e abaixo da Ford Ranger, tem visual moderno, bom tamanho, porém vacila em pontos fundamentais como o fato de ter motor a 2.0 a gasolina, pouca capacidade de carga e de reboque, não é muito equipada, mas o que mais decepciona é o preço elevado. A Ford Maverick no Brasil tem preço de R$ 240.000. Mesmo assim será que vale a pena?
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O primeiro ponto a ser comentado sobre a Ford Maverick é que ela é uma picape compacta urbana, ou seja, usa chassi monobloco de carro de passeio, a plataforma C2, a mesma usada pelo SUV compacto Bronco Sport e pelo novo Focus europeu.
Esta é a mesma solução de construção usada na Fiat Toro, que tem a mesma base monobloco do Jeep Renegade, chamada de LWB Small Wide 4×4. Bem diferente da picape Ford Ranger, que usa base do tipo carroceria sobre chassi de longarinas, próprios para picapes de verdade.
Mas qual a diferença entre o chassi monobloco da Maverick e o chassi do tipo longarina da Ranger? Principalmente a capacidade de carga e de reboque, enquanto a Ford Ranger cabine dupla leva mais de 1.1 tonelada na caçamba e puxa 1.8 toneladas, a Maverick tem capacidade de carga de apenas 617 kg e pode puxar somente 907 kg, quase a metade em relação a Ranger.
A diferença fica ainda mais gritante se levarmos em conta o fato que a Fiat Strada Cabine Dupla, que é muito menor que a Maverick, tem capacidade de carga maior, levando 650 kg na caçamba, enquanto a Fiat Toro diesel suporta até 1.050 kg de carga na caçamba.
O motivo da baixa capacidade de carga é a suspensão, que também é de carro de passeio e não de picape, a Maverick usa suspensão independente nas quatro rodas, sendo do tipo McPherson na dianteira e Multilink na traseira, enquanto a Ranger e Toro usam feixe de mola na traseira, solução ideal para picapes.
Outro ponto duvidoso da Ford Maverick que chega ao Brasil está debaixo do capô, ela virá por enquanto em versão única Lariat FX4 (a mais cara nos EUA), equipada com motor 2.0 Ecoboost a gasolina, com 253 cv e 38 kgfm de torque, além de tração 4×4 AWD e câmbio automático de 8 marchas.
A tração 4×4 AWD, da Maverick funciona de forma automática por demanda, ou seja, por padrão ela roda como 4×2 a maior parte do tempo, sendo a tração enviada para as rodas traseiras, porém, quando as rodas da frente perdem tração ou o sistema julga que é necessária tração também nas rodas dianteiras, a força do motor também é destinada para o eixo dianteiro, lembrando que não há bloqueio de diferencial e nem tração reduzida, estamos falando aqui de uma tração mais light.
O principal problema de usar um motor a gasolina em uma picape 4×4 é o alto consumo devido ao peso do veículo, a Ford Maverick mede praticamente 5.10 m de comprimento e pesa 1750 kg, certamente o seu consumo de combustível não é baixo. De acordo com dados do Inmetro divulgados pela Ford, a Maverick tem consumo de 8.8 km/l na cidade e 11.1 km/l na estrada, uma marca até surpreendente, difícil de acreditar na pratica.
Por exemplo, a Fiat Toro turbo flex com tração 4×2, que é mais leve (1.700 KG) e tem motor menor e mais fraco (1.3, turbo de 185 cv), faz rodando com gasolina apenas 9.4 km/l na cidade e não passa dos 10.8 km/l na estrada, ou seja, pelos dados divulgados a Maverick com 2.0 de 253 cv e tração 4×4 consegue ser mais econômica. Enfim, temos de esperar os números reais após os testes práticos de rua com o modelo.
O motor 2.0 Ecoboost tem uma grande vantagem que é o seu desempenho, os 253 cv de potência garantem uma boa dose de esportividade na condução da Ford Maverick, de acordo com dados de fábrica ela acelera de 0 a 100 km/h em apenas 7.2 segundos, e tem velocidade máxima limitada eletronicamente, por razões de segurança, aos 175 km/h.
A Ford Maverick é uma das picapes mais velozes do Brasil.
Agora sim vamos falar dos pontos positivos da Ford Maverick, sem dúvidas, um dos pontos fortes e que deve cativar compradores é o estilo diferente e moderno da carroceria, a picape tem visual jovem, que certamente deve agradar e chamar atenção nas ruas, destaque para a dianteira marcada pela enorme abertura de ar central, além dos gigantes faróis Full LEDs.
A cabine da Ford Maverick é diferente, apesar de claramente não ser uma picape com proposta de ser luxuosa, o interior é bem construído e o desenho do painel e das forrações das portas são muito interessantes, trazendo aspecto moderno e diferente do que há no mercado, note o desenho dos puxadores das portas com formas 3D, além do desenho reto do painel com apliques em dourado.
Porém apesar de bonito e diferente a cabine da Maverick fica devendo com relação ao acabamento, que é bastante simples (lembrando que estamos falando de um veículo que custa R$ 240 mil no Brasil) definitivamente não há luxos, há plástico em demasia no interior, os bancos com revestimentos em dois tons, marrom e preto, tentam melhorar um pouco a situação no interior, que claramente não condiz com o preço do carro no Brasil, só lembrando que nos EUA esta mesma versão Lariat, sai por US$ 25.800 (R$ 133.200).
Destaque para a boa quantidade de porta objetos espalhados pela cabine, presentes nas portas, console e painel, inclusive embaixo do banco traseiro há um espaço que serve como uma espécie de porta-malas com capacidade para 71 litros (foto abaixo), há pontos duvidosos como o nicho ao lado da tela da multimídia, um estranho buraco para acomodar carteiras ou celulares, a ideia é boa, porém a posição em destaque no campo de visão dos passageiros não ficou legal, passa a impressao que a tela da multimídia era pequena demais e sobrou um buraco no painel.
Ainda no interior, não há alavanca de câmbio, assim como acontecia com o Ford Fusion, as marchas são selecionadas por um botão giratório no console central, o freio de estacionamento é acionado por botão, solução que confere um aspecto limpo ao interior da Maverick.
Aqui vai outro ponto negativo da Maverick, sua lista de equipamentos. Novamente falamos isso tendo em conta os R$ 240 mil pedidos pela Ford no Brasil, a lista de equipamentos traz apenas itens básicos em qualquer carro hoje no mercado que custa R$ 150 mil e há erros graves como por exemplo o fato da Maverick não vir sequer com capota marítima de série, também não há estribos laterais, nem santo Antônio, ou um protetor para a caçamba, tudo isso será ofertado como acessórios instalados e cobrados à parte nas concessionárias, enquanto na cabine falta itens como o carregador sem fio para celulares.
Para piorar, estranhamente a Ford retirou do modelo que será trazido para o Brasil o pacote de segurança Ford Co-Pilot360™ , presente de série nesta mesma versão Lariat no mercado norte-americano, entre outros recursos este pacote que nao existe aqui traz monitoramento de pontos cegos, câmeras 360 graus, auxilio para manter o carro dentro da faixa de rolagem, além do piloto automático adaptativo ACC.
A versão brasileira traz apenas frenagem frontal automática com detecção de pedestres e ciclistas, que funciona somente até 50 km/h, além de farol alto automático que não ofusca os outros motoristas.
No mais a lista de equipamentos tem apenas o esperado para um carro desta categoria, como multimídia com tela de 8 polegadas, painel com display digital de 6.5 polegadas (o painel não é 100% digital), ar-condicionado automático dual zone, bancos em couro, faróis Full LED com acendimento automático, piloto automático comum, vidro traseiro da caçamba deslizante com acionamento elétrico, tampa da caçamba com trava elétrica, partida do motor por botão e sensor de aproximação para abertura e travamento das portas, câmera de ré, sistema Ford Pass Connect, que permite ao motorista fazer diversas tarefas através do smartphone de forma remota, como localizar o carro, acionar o alarme, ligar o motor e o ar-condicionado, além de consultar os status do veículo como nível do combustível e manutenção.
Há ainda 4 tomadas USB, rodas aro 17 com pneus todo terreno medidas 225/65 R17 e banco do motorista com ajustes elétricos.
Na parte da segurança há 7 airbags, controle para subidas e decidas HLA e HDC, monitoramento da pressão dos pneus, além de controles de tração e de estabilidade e cinco modos de condução: Normal, lama/terra, areia, rebocar/transportar e escorregadio.
A carroceria da Ford Maverick agrada pelo tamanho, o modelo é 15 cm maior comparado com a Fiat Toro, são 5.09 metros de comprimento, 1.84 m de largura (2.13 m com espelhos abertos) e 1.73 m de altura, a ampla distância entre-eixos de 3.07 metros garante espaço interno amplo, inclusive no banco traseiro.
Infelizmente, a altura livre em relação ao solo de 21.8 cm da Ford Maverick, é muito baixa para uma pick up, ainda mais que se diz 4×4. A Maverick tem a mesma altura do solo que um Jeep Renegade.
A Ford optou por valorizar o espaço interno para os passageiros, porém esqueceu um pouco da caçamba que tem tamanho de 943 litros (617 kg de carga), tendo praticamente o mesmo tamanho da Fiat Toro.
O tanque de combustível da Maverick tem 67 litros.
A Ford Maverick ocupará uma categoria de mercado própria, teoricamente sem concorrentes diretos, ela é maior em relação a Fiat Toro, porém menor que as picapes médias como a Ford Ranger e Toyota Hilux. Vamos as comparações:
Comparada com a Fiat Toro, a Ford Maverick é 15 cm mais comprida, tem distância entre-eixos 8 cm mais longa, ou seja, a diferença no espaço interno é grande, porém vale aqui uma ressalva importante em relação a Toro, a Ford Maverick apesar de ter uma carroceria maior tem praticamente o mesmo tamanho na caçamba (Maverick 943 litros / Toro 937 litros).
Comparando com a Ford Ranger, a coisa é bem diferente, a Maverick claramente está em uma categoria inferior, é muito menor, são ai quase 30 cm a menos no comprimento, 15 cm a menos na distância entre-eixos, 2 cm mais estreita e 9 cm mais baixa, já com relação ao tamanho da caçamba são 240 litros a menos, 1.180 litros da Ranger, contra apenas 943 litros da Maverick.
De início era esperado que a Ford trouxesse a Maverick para o Brasil para rivalizar diretamente com a Fiat Toro, o que claramente não aconteceu, a Ford apostou tudo no estilo diferente do modelo, a montadora acredita que a Maverick possa se tornar uma picape de imagem, ou seja, que convencerá clientes pelo estilo e proposta diferente e não pela racionalidade ou funcionalidade.
Sem dúvidas o preço de R$ 240.000 complicará a vida da Ford Maverick no Brasil, a Fiat Toro mais cara Ultra diesel 4×4 sai por R$ 207.390 (R$ 33 mil a menos que a Maverick), por R$ 222.000 (R$ 18 mil a menos) o consumidor poderá comprar na própria Ford uma Ranger série Black 4×2, 2.2 diesel de 160 cv.
Por R$ 233 mil (R$ 7 mil a menos em relação a Maverick) você pode levar uma Chevrolet S10 LS 4×4 2.8 diesel de 180 cv. Para quem gosta de SUV por R$ 240 mil, é possível comprar o novo Jeep Commander Overland, com espaço para 7 ocupantes, motor turbo flex de 185 cv e muito melhor equipado e bem acabado em relação a Maverick.
Ou seja, fica difícil achar algo além do lado emocional, ou o estilo, para justificar pagar R$ 240 mil por uma Ford Maverick.
Dificilmente o Ford Maverick irá se tornar uma picape popular no mercado, vender igual a Fiat Toro ou Ford Ranger será quase impossível.
Infelizmente este modelo deve ter apenas um papel como carro de imagem da Ford no Brasil, tendo baixo volume de vendas, assim como aconteceu com o Ford Bronco Sport, que tem o mesmo conjunto mecânico da Maverick sai por R$ 272.000, sendo figura rara nas ruas, vendeu apenas 71 unidades em janeiro, enquanto o rival Jeep Compass alcançou quase 5 mil unidades.
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A FORD no Brasil esta QUEIMADA , DIFÍCIL recuperar as vendas , principalmente quem já possuiu um veículo da marca.