Chega agora em outubro no Brasil o Honda ZR-V, a versão SUV do Civic que virá importada do México. No entando, o modelo que tem preço de R$ 214.500 deve enfrentar dificuldades para justificar sua compra, especialmente devido a alguns pontos controversos como: a lista de equipamentos que é mais pobre em relação aos rivais, além da presença do antigo motor 2.0 mpi, aspirado, com 161 cv que era usado no finado Civic brasileiro. São fatores limitantes para a aceitação deste SUV no mercado brasileiro, já que os rivais por este valor oferecem muito mais.
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A nomenclatura dos SUVs Honda, na qual todos terminam em “R-V”, pode ser um tanto confusa. Primeiramente, é importante destacar que, apesar de possuírem plataformas diferentes, o ZR-V e o HR-V compartilham muitos elementos. Na verdade, a Honda desenvolveu o ZR-V para ser a nova geração do HR-V na América do Norte, uma vez que a atual geração do HR-V (foto abaixo) ficou pequena demais para atender ao padrão norte-americano que prefere SUVs maiores.
Enquanto o HR-V (foto acima) vendido no Brasil é feito sobre a base do Fit, a Honda ZR-V (foto abaixo) é feito sobre a plataforma do novo Civic. Para confundir ainda mais, vale comentar que o ZR-V é comercializado nos Estados Unidos como HR-V. Lembrando que nos Estados Unidos não existe o nosso HR-V.
Na Europa, Japão e China, a Honda até vende ambos SUVs, porém oferece o ZR-V somente em uma configuração híbrida, mais equipada e mais cara, para justamente evitar que ambos disputem a mesma categoria.
O Brasil será um dos primeiros mercados no mundo onde ambos conviverão juntos, tendo o ZR-V motor apenas a gasolina e basicamente a mesma lista de equipamentos do HR-V, e é ai que nasce o problema pra este novo SUV fazer sucesso no nosso país.
Na Argentina por exemplo, a Honda vende apenas o ZR-V, sendo que o nosso HR-V não foi lançado por lá.
Ah, há ainda o CR-V (foto acima), que apesar de também ser feito sobre a plataforma do Civic, tem carroceria maior e é mais equipado, deve vir ao Brasil somente em 2024 com preço salgado, possívelmente na casa dos R$ 280 mil a R$ 300.000.
O Honda ZR-V é consideravelmente maior que o HR-V, tendo 4,57 metros de comprimento (19 cm a mais), 1,84 metro de largura (5 cm a mais) e 1,62 metro de altura (3 cm a mais).
Porém, apesar das diferenças expressivas nas dimensões externas, o espaço interno entre os dois SUVs da Honda não é tão discrepante quanto deveria ser. A distância entre eixos, que é a principal medida relacionada ao espaço interno, é apenas 4 cm maior no ZR-V, tendo 2,65 metros contra 2,61 m do HR-V. Isso também se reflete no tamanho do porta-malas, que ainda é compacto no novo modelo, com capacidade de 389 litros, apenas 35 litros a mais do que o HR-V.
O mesmo ocorre ao compararmos o ZR-V com os principais concorrentes da categoria, como o Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos. Embora o SUV da Honda seja maior nas dimensões externas, o espaço interno é comparável e, em alguns casos, até mesmo inferior aos rivais. No que diz respeito ao porta-malas, o Honda ZR-V oferece modestos 389 litros, enquanto o Toyota Corolla Cross possui 440 litros, o Jeep Compass 410 litros, o Chery Tiggo 7 Pro apresenta 475 litros e o VW Taos se destaca na categoria com 498 litros no porta malas, uma vantagem de mais de 100 litros em relação ao Honda.
A cabine do Honda ZR-V segue o novo padrão de design da montadora, que estreou no novo Civic 2023. Um design moderno, porém minimalista. O acabamento é de boa qualidade, com revestimento em material “soft touch” em parte do painel e console central. A versão Touring, única que virá ao Brasil, apresenta acabamento em dois tons, mas não oferece luxos. Podemos dizer que o ZR-V segue o padrão já conhecido nos SUVs desta categoria e não inova.
No que diz respeito aos equipamentos, o Honda ZR-V parece oferecer apenas o básico para a categoria e preço no Brasil, com uma lista de recursos semelhante à dos concorrentes, podemos sem exageros dizer que o carro tem praticamente a mesma lista do HR-V Touring, o que é decepcionante já que este é um modelo que a Honda está tentando vender como um produto superior. Falta aquele algo a mais, que poderia torná-lo mais atraente em comparação aos rivais, o que realmente pode ser um problema em um segmento tão competitivo.
Entre os equipamentos há central multimídia de 9 polegadas que só aceita conexão sem fio se você tiver um iPhone, caso você tenha um Android só mesmo através de cabos, sim isso é inexplicável nos dias atuais. O painel digital do ZR-V é pequeno, tem apenas 7 polegadas e não oferece muitas opções de customização, há ar-condicionado automático digital com duas zonas de temperaturas, porém, estranhamente, sem saída para o banco traseiro, algo que hoje existe em modelos bem mais baratos como o Fiat Pulse e VW Nivus, outro ponto falho é a falta de encosto de braço para quem viaja no banco traseiro.
Há ajuste elétrico apenas para o banco do motorista, sendo que o do passageiro tem ajuste manual, enquanto rivais como o Chery Tiggo 7 Pro e o novo Ford Territory já têm banco elétrico também para o passageiro, também faz falta um sistema de câmeras 360 graus, mesmo custando R$ 215.000 o Honda entrega uma simples câmera de ré, enquanto rivais vão além, tendo inclusive sistema de estacionamento automático.
Há ainda outros pontos que decepcionam no modelo da Honda no Brasil, como a falta de um teto solar panorâmico, há apenas teto solar comum, lembrando que rivais como Chery Tiggo 7 Pro e o novo Ford Territory que inclusive são mais baratos que o ZR-V já têm teto panorâmico de série, os demais rivais como Jeep Compass e VW Taos têm este item como opcional, a partir de R$ 220 mil.
Falando dos itens o ZR-V tem de série bancos em couro, 8 airbags, freio de estacionamento eletrônico por botão, com função Auto Hold, partida do motor por botão, abertura e travamento das portas por aproximação, faróis Full LED com comutanção automática do farol alto, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, rodas em liga leve aro 17, carregador de celular por indução, 4 portas USB, além das funções remotas do My Honda Connect, como dissemos é praticamente a mesma lista do HR-V nacional.
Destaque para o pacote Honda Sensing, que inclui piloto automático adaptativo ACC, frenagem automática de emergência automática, assistência para manter o veículo na faixa de rolagem, monitoramento de pontos cegos. Vale ressaltar que esse pacote não é uma novidade, pois já está presente no HR-V nacional desde as versões mais básicas.
Por fim, chegamos a um dos pontos mais polêmicos. O Honda ZR-V vem ao Brasil com o motor 2.0 aspirado de 161 cv e 19.1 kgfm de torque, que é uma escolha surpreendente em uma época em que motores turbo mais eficientes e potentes estão disponíveis. Embora esse motor tenha passado por algumas atualizações, ele ainda é o mesmo 2.0 que equipou o Civic de 2012 a 2021 no Brasil, porém aqui bebe apenas gasolina. A potência e o torque são praticamente os mesmos, e o motor ainda utiliza injeção comum, multiponto, ao contrário do sistema de injeção direta de combustível como no caso do motor 2.0 do Corolla Cross.
O conjunto mecânico do Honda ZR-V é completado pelo câmbio automático CVT que simula de forma eletrônica 7 velocidades, além de tração 4×2.
A Honda brasileira não divulgou os dados de desempenho do novo ZR-V, nem mesmo a Honda norte-americana divulga esta informação, porém, de acordo com teste feitos pela imprensa especializada lá no México, como o @soloautosbyautologia, a aceleração de 0 a 100 km/h do ZR-V fica na casa dos 14 segundos. Ou seja, o motor 2.0 aspirado, principalmente pelo baixo torque (19 kgfm) não empolga na aceleração, ficando bem atrás de rivais, que fazem a mesma prova abaixo dos 10 segundos, como o Chery Tiggo 7 Pro faz de 0 a 100 km/h em 8,3 segundos, Jeep Compass 9,1 segundos, praticamente a mesma marca do Taos (9,4 segundos).
É facil explicar esta lentidão do ZR-V da Honda, o seu motor 2.0 entrega apenas 19.1 kgfm de torque, é quase 10 kgfm a menos de torque em relação a rivais como o Jeep Compass (27,5 kgfm) e Chery Tiggo 7 (28 kgfm), até mesmo o Taos com seu motor mais fraco, com apenas 150 cv, leva uma baita vantagem no torque em relação ao HR-V, entregando 25 kgfm, ou seja, por mais que existam pessoas que não gostam de motor turbo, a diferença no desempenho é gritante.
Mas por que a Honda não optou pelo motor 1.5 turbo de 177 cv presente no nosso HR-V nacional no novo ZR-V? A resposta é simples: esse motor não está disponível no ZR-V na América do Norte. Portanto, a Honda teria que realizar adaptações e desenvolver uma versão turbo exclusiva para o Brasil, o que não parece ter sido uma opção viável. Além disso, vale lembrar que a Honda optou por descontinuar a produção do Civic no Brasil em vez de fabricar a nova geração localmente, ou seja, a montadora está cortando os custos com o Brasil.
Embora haja uma versão híbrida do ZR-V na Europa e na Ásia, que combina o motor 2.0 com um motor elétrico, totalizando 183 cv e 31 kgfm de torque, com consumo combinado de 17 km/l, não há indicações de que essa configuração será oferecida no Brasil. Isso se deve, em parte, ao fato de que essa versão não ser produzida no México, apenas na Ásia, o que elevaria em muito os custos do carro aqui, já que vindo da Ásia o ZR-V pagaria imposto de importação, o que não acontece vindo do México.
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